O PT como Patrão
“Orientação sobre a folha de ponto dos servidores em greve
Informo que, seguindo orientação superior do MP, os
grevistas deverão ter os pontos cortados, desta forma não deverá constar
nenhuma observação na folha de ponta dos servidores que estão de greve e não
registraram o ponto. Já aqueles servidores que estão de greve e mesmo assim
registraram o ponto deverão ter seus
pontos cortados (anulados) já que não trabalharam. Quanto aos servidores que estão trabalhando
normalmente e que não puderam trabalhar no dia 5 de julho por causa da greve
dos ônibus podem ter seu dia abonado, código 05.”
Sou coordenador geral de inovações tecnológicas do departamento de sistemas de informação da
secretaria de logística e sistemas de informação do ministério do planejamento,
orçamento e gestão do governo do Brasil. Estou neste cargo desde setembro de
2011. Hoje comunico, publicamente, meu
pedido de exoneração.
Todos sabem qual é meu salário graças à Lei de Acesso à
Informação. Preciso deste salário e, de fato, tenho orgulho em merecê-lo. Mas a
partir do momento em que tenho que ferir meus princípios para manter minha
remuneração, meus princípios sempre ganharão o jogo, independente do que virá
depois. Trabalho, há bastante tempo, com
o conhecimento livre e modelos de negócios baseados nisso. Em Porto Alegre, no
final dos anos 1990, tive o prazer de ver um projeto de governo crescer levando
em conta a crença em que a liberdade
ampla para todas as formas de conhecimento era um fator gerador de inovação
tecnológica e de criação de emprego e renda. Apoiei esse projeto, mas nunca
integrei nenhum quadro do governo até setembro de 2011, quando assumi o cargo
acima mencionado, e passei a ser o responsável pelo Portal do Software Público
Brasileiro, pela Infraestrutura Nacional de Dados Abertos, além de outras
atividades.
Não foi fácil, vindo da iniciativa privada e há mais de doze
anos como empresário aprender a hierarquia e a burocracia que são parte de um
emprego público. Aliás, esse é um aprendizado constante. Mas segui trabalhando
com minha paixão: liberdade de conhecimento como geração de inovação e
riqueza. No decorrer de meu trabalho deparei-me com a greve do
funcionalismo federal, à qual aderiram muitos dos que estavam sob minha
coordenação.
Enfrentar uma greve como executivo público foi algo totalmente
inédito para mim. Acompanhei greves desde o tempo de meu avô, no surgimento do
PT. Toda a articulação para as greves, para a criação de uma força que mudasse
o estado, conscientizou uma população que colocou o PT no poder. Mas o PT
patrão parece não ter aprendido com sua própria história. O PT patrão apenas
aprimora as táticas de pressão psicológica e negociação questionável daqueles
com os quais negociou na época em que a greve era sua.
O PT patrão virou governo, melhorou o país e acha que não
depende mais da máquina que sustenta o estado. O PT patrão, que fez muito pela
nação, tem a certeza de que vai muito bem sozinho. E está indo mesmo!
Eu espero que nosso país siga melhorando, mas estou nele para
mudá-lo e não para cumprir ordens com as quais não concordo. Como coordenador,
jamais cortarei o ponto daqueles que trabalham comigo e estão em greve.
Independente da greve, eles cumpriram seus compromissos civis sempre que
necessário. E, na greve, cultivaram ainda mais sua união na crença da
construção de um Brasil melhor.
(CÉSAR AUGUSTO BROD, responsável pela Coordenação Geral de
Inovação Tecnológica da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão).
Fonte: sítio do Andes
(Grifos não-originais.)
Um comentário:
Rapaz, ninguém aguenta mais este desvio ideológico, moral, político chamado PT no poder. Eu não aguento mais!!!
Postar um comentário