terça-feira, 31 de julho de 2012

É MESMO, DILMENTIRA?


E o outro Urubu circulando, circulando, circulando... Haja Hipocria!!!!

domingo, 22 de julho de 2012

BRUTA FLOR

Senhor Juiz de Direito da outrora bucólica Bodas do Sertão,


este agora largado homem, na pia batismal PEDRO nominado, desde os idos de Juno de 2011 sem PÉTALA DE OLIVEIRA, brasileiríssima, bordadeira de mão cheia, vivente hoje em lugar incerto e não sabido, vem dizer-lhe, dolorosamente, DOS FATOS:

1. O primeiro amor passou.    O segundo amor passou.    O terceiro amor passou.    Como os corações continuavam, casamos no Dia de Santo Antônio, 1996 anos após a Grande Epifania. Ela estava linda no decotado vestido branco de cauda longa e, exultantes dentro daquela noite banhada por insistente chuva fina e aromada com inesquecível cheiro de terra molhada, achávamos que seríamos (quanta arrogância!) felizes para sempre...

2. Não tivemos filhos; não transmitimos a nenhuma criatura o legado  de nossa miséria.   


3. Também nunca nos ardeu o desespero de ser dono de nada. 
   
4O motivo desse vazio, pleno da presença de uma ausência, a razão mesma disso a que os líricos chamam   de Saudade? Não há motivo, nem razão. O amor acaba, seu Juiz!   


5. E, pensando bem, se acabou, não era amor...   


6. Ainda assim, não é porque SEI que ela não voltará que não hei de lhe deixar a porta, eternamente, aberta. 


__________________
PEDRO UMBRA
FEITOR DE FACAS
Rua da Soledade, 11
Cristal Quebrado - PI   
__________________      


DO DIREITO E DOS PEDIDOS:

Em face do exposto, nos FATOS, pelo constituinte, 

LUÍS SOTERO, causídico (OAB 1635) infra-assinado que representa legalmente o já supraqualificado artesão, consoante mandato anexo, vem, respeitosamente, a V. Exa, com fulcro no CCB, em especial nos arts..., PEDIR, por ser justo e de direito, que... 


Fonte: confrariatarantula.blogspot.com.br

domingo, 1 de julho de 2012

GARÇOM!

Eu, se o autor do conto, retiraria do título essa locução adjetiva.
— O Quarto Quarto da Casa... O Quarto Quarto. Gostei!
Cortaria também a terceira página.
— Toda?
É. Esse namoro aí é imbecil.
— Um pouco piegas, talvez...
Não. Imbecil, mesmo.
— Porque o cara é do tipo que ainda manda flores?
Detesto flores.
— Eu sei. Mas ele, não.
Corte esse namoro.
— Já mudei o título...
Suprima o namoro.
— Aí a mensagem de perdão, que quero passar, some...
Literatura não tem que ter mensagem.
— Mas sempre há mensagem...
Pois o leitor que a ache, com lupa.
— E pensar que você já foi um escritor engajado...
Erro de extrema juventude, meu amor, isso.
— Não sou mais tão jovem, eu, é certo.
Você é linda!
— Olhe, se eu encerrar aqui, perco o desfecho.
Fecha no clímax...
— O leitor não gosta assim, eu acho.
E a vida?
— Que é que tem a vida?
A vida por acaso é do jeito que gostamos?
— Estou falando de literatura.
Ah, tá...
— Certo. Namoro eliminado. E agora?
Agora é podar a segunda página.
— Inteira?
É. Conto não é oceano que se derrama, mas dique que o contém.
— Viva! Você gostou da minha frase de abertura!
Conto com duas páginas já é oceano que se derrama...
— Se eu fizer assim, não destruo o clímax?
Para criar, destruir é preciso.
— Mamalujo bateu a porta atrás de si.
Ponto final.
­— E o leitor?
O leitor que preencha as lacunas, ora.
— Não pode ser assim...
Deve. Ou você escreve para vender sabonete?
— Lá vem me acusar de publicitária...
E não é?
— Tá bom. Fora, clímax!
Agora, inscreva o conto.
— Tenho chance?
Não, mas tem um conto.
— Quero ganhar!
Então mantenha o título original, reponha o namoro imbecil, preserve o clímax e deixe aí, intocado, o tal desfecho.
— Acha que ganho?
Com esse texto de primeira mijada, sim.
— Você os subestima...
Eles merecem. Vamos beber?
— Vamos.