domingo, 24 de junho de 2012

O GARGALO CULTURAL NOSSO DE CADA DIA

Airton Sampaio*

Houve uma época, antes da década de 70, em que certamente o mais difícil na produção de um livro fosse, mais que a sua própria criação intelectual, a sua editoração: não houvesse uma editora que lhe abrisse as portas, o autor permaneceria inédito. A minha Geração, a Geração de 1970, encaminhou uma solução para o problema, uma estrada alternativa, é verdade, mas libertadora: em primeiro lugar, desaprisionou a literatura do livro, levando-a para camisetas, bonés, adesivos, cartazes, folhetos avulsos, caixa de fósforos, lenços, marcadores de páginas, pontos de ônibus, paredes de ruas e banheiros, etc; em segundo, mesmo quando se manteve livresca, produziu o livro artesanalmente, em geral por meio de fotocópias ou, principalmente, pela via do velho e bom mimeógrafo (que um arquiconservador da Geração de 45 no Piauí chamou de “maquininha infernal que devia ser proibida”). Resultado? Os editores perderam muito da sua arrogância e divindade.

Hoje, porém, a editoração, embora continue difícil, não é mais um bicho de sete cabeças. Essa tecnologia extraordinária que é a Internet permite que, em segundos, um livro esteja disponibilizado à leitura do mundo. Mais um golpe certeiro nos antes endeusados, inacessíveis e arrogantes editores, e outro largo passo para a ampliação das liberdades de expressão e autonomia autoral. No entanto, um NÓ GÓRDIO, que decerto já existia, agora assume o centro da problemática: a divulgação, circulação e visibilidade do produto cultural. Aqui, sim, o bicho pega.

Sabe-se que numa sociedade feita (graças a Deus!) de relações humanas cada vez mais impessoais, o que funciona como um antídoto ao clientelismo coronelístico, pouca eficácia tem a divulgação boca a boca, tão própria das províncias, paróquias e povoados. Mas, para alcançar um grande público (uma categoria sociológica), convencê-lo a adquirir um produto cultural (no caso, o livro) e persuadi-lo a ler (um dos direitos do leitor é não ler o que não quer ler), requer-se uma ESTRATÉGIA DE PROPAGANDA E MARKETING que, não é segredo, custa MUITO caro (diz-se que, em Hollywood, 70% dos investimentos num filme se fazem na divulgação maciça que se lhe imprime). Sem isso, pouco se obtém como retorno.

Certa feita, num evento na Ufpi, um editor acostumado a publicar os outros valendo-se sempre das tetas públicas, dirigiu-se a mim acusando que meu livro tinha sido muito pouco vendido, embora com preço de apenas R$ 2,00. Ora, qual a surpresa? Com uma divulgação restrita a uma ou outra matéria de jornal, a uma ou outra notinha em coluna social, a uma ou outra entrevista em rádio ou TV, como vender bem? Houvesse outdoors espalhados pelas ruas, merchandising em horários nobres da televisão, banners saltando na cara do internauta a um clique no computador, entre outros recursos publicitários, e apesar disso pouco vendesse, então, só assim a acusação teria sentido. Fora disso, só mesmo a arrogância de quem, atirando com dinheiro público, se acha o suprassumo da humanidade...

E as livrarias? Nelas há que funcionar sobremaneira o marketing, pois um livro posto na vitrine vende mais que um lançado sobre uma gôndola giratória, que vende mais que um lançado sobre um balcão, que vende mais que um escondidinho numa estante, que... Dia desses, fui ver a situação de um livro meu numa dada livraria, e o produto (sim, o livro é um produto!) foi tão difícil de a empregada mesma da loja localizar que se torna impensável que um leitor, em geral apressado e bombardeado por anúncios os mais diversos, possa fazê-lo... Amadorismo à parte, e no Piauí SOMOS TODOS AMADORES, esse é o GARGALO CENTRAL a ser enfrentado: a divulgação, distribuição e visibilidade dos produtos culturais! Se não se encaminhar uma solução mínima para isso, o autor piauiense continuará até conhecido, mas pouco lido. Uma ou outra exceção que sói acontecer apenas confirma a regra.
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*Airton Sampaio é escritor e professor na Ufpi.
Artigo publicado no jornal Diário do Povo do Piauí, Teresina, 21 jun 2012, Cultura, p. 18.                   

terça-feira, 19 de junho de 2012

HAJA PROVINCIANISMO!

Quando esta Fazenda Piauí vai virar de fato um Estado que não se desestima como um Zero à esquerda na Federação? Coisa ridícula... Por Júpiter!

ALGUMA SURPRESA?

Elle, o Fantoche e elle! Cadê a Interpol?

sábado, 16 de junho de 2012

MICROCONTO, UMA DEFINIÇÃO!

Airton Sampaio, contista:

MICROCONTO É A NARRATIVA ESCRITA COM, NO MÁXIMO, 140 CARACTERES.

domingo, 10 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

HAJA CORAGEM!


Juiz deixa toga e salário de R$ 24 mil para sair em busca da profissão ideal

De Barra do Garças - Ronaldo Couto

Um fato inusitado aconteceu em Aragarças-GO, divisa com Barra do Garças: um juiz de 30 anos de idade que está há um ano no judiciário pediu exoneração e informou que está à procura da profissão ideal. Raul Batista Leite, que assumiu em outubro a comarca aragarcense, surpreendeu a todos ao anunciar no início do mês a sua decisão de abandonar a magistratura. 


Com salário de R$ 24 mil, Raul dá adeus a uma profissão cobiçada por muitas pessoas e comentou com alguns amigos que não se identificou com a função de juiz. Por telefone, o ex-juiz, que se formou em Goiânia-GO, disse ao Olhar Direto que vai continuar participando de concursos públicos à procura de outra carreira. 




E participar de concursos públicos realmente é o forte de Raul. Antes de ser juiz, ele passou no concurso público para promotor e policial federal. “Eu vou continuar participando de concursos”, salientou Raul, citando que gostaria de ser professor universitário. Perguntado sobre a questão financeira, porque um professor no nível máximo (com doutorado) ganha R$ 10 mil, bem abaixo do que ele ganhava, o ex-juiz disse que dinheiro não é tudo e que a pessoa precisa se sentir bem na função. 


O salário de um magistrado em Goiás gira em torno de R$ 18 mil, mais adicional pelo Eleitoral, totalizando R$ 25 mil por mês. Com o pedido de exoneração de Raul, a comarca aragarcense está sendo dirigida provisoriamente por Flávia Morais Nogato de Araújo Almeida, titular de Piranhas.  Aguarda-se a nomeação de outro magistrado para Aragarças por parte do Tribunal de Justiça de Goiás.

Fonte: http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=256721

segunda-feira, 4 de junho de 2012

FLAGRANTES DO LANÇAMENTO DE "DEI PRA MAL DIZER: CONTOS ERÓTICOS", de JL Rocha do Nascimento, Airton Sampaio e M. de Moura Filho, na Adufpi, em 01 jun 2012, noite.


M. de Moura Filho, Airton Sampaio,  JL Rocha do Nascimento,os contistas, e
                                          Rosália Mourão, a prefaciadora.
                                       
                                                 
Adufpi, em Noite bela, com Salão lotado.

sábado, 2 de junho de 2012

BASTA, CORONEL CINEAS SANTOS! CHEGA DE GROSSURA!!


Na noite de ontem, 01 de junho de 2012, J.L. Rocha do Nascimento, Airton Sampaio e M. de Moura Filho lançamos na Adufpi, para um espetacular público de cerca de 250 pessoas, o livro Dei Pra Mal Dizer: Contos Eróticos, que a partir de terça-feira estará à venda nas livrarias e bancas da cidade. Todos sabem que a feitura de qualquer produto cultural no Piauí, onde ainda quase nada foi feito, é plena de problemas, atropelos, marchas e contramarchas, prazeres e dores. Conosco não foi diferente neste livro, embora, apesar de tudo, tenhamos sido sempre MUITO BEM TRATADOS onde estivemos. O azar foi deparar, na manhã de ontem, na recepção da TV Cidade Verde, com o coronel da cultura da Fazenda Piauí que atende pelo nome de Cineas Santos.
         Para o lançamento do nosso livro, NÃO HOUVE CONVIDADOS ESPECIAIS. Todos os possíveis leitores, sem distinção, eram e são para nós bem-vindos, ao contrário do que faz o coronel da cultura, que primeiro escolhe como convidados especiais, sabe-se lá por que, as autoridades oficiais, e depois a sua panelinha e os seus áulicos (se quiserem comprovar, é só ir ao Salipi). Ora, ao ver Cineas Santos, fiz o que todos os três autores estávamos fazendo ao coincidir com alguém que imaginávamos apreciar literatura: entreguei-lhe um convite para o lançamento. Por esse gesto, já algumas vezes repetido naquela manhã, vi-me, em público e em plena sala de recepção de uma tv, DESTRATADO com a GROSSERIA mais ordinária, com a DESEDUCAÇÃO mais reles, como a INCIVILIDADE mais rasteira, próprias mesmo de um coronel que se julga o centro da cultura piauiense, embora demagogicamente publicize o contrário, e que se acha o suprassumo da inteleetualidade da província, apesar de em verdade não passar de um armorialista decadente. Ao meu convite, feito sem nenhuma intenção de agredir, ouvi do senhor Cineas Santos, carregado com o tom de mau-humor que sempre o acompanha, que “esse  filho da puta vem me convidar em cima da hora, esse filho da puta, que eu já editei, vem me dar um convite só no dia do evento!!!”
         Em primeiro lugar, não poderíamos conferir ao senhor coronel da cultura, porque não o fizemos com ninguém, nenhum convite especial, menos ainda com mil dias de antecedência; em segundo, FILHO DA PUTA É ELE, O CORONEL; em terceiro, NUNCA PEDI que o coronel me editasse em lugar nenhum, daí ser despropositada, pelo menos em relação a mim, a cobrança de uma fidelidade clientelista a que está ele, como coronel, acostumado. Ato contínuo, adentrei o estúdio da TV abalado e nem sei como consegui dar uma entrevista, que me pareceu até razoável, dadas as circunstâncias. Como homem que sou e como um intelectual que não precisa do beneplácito de ninguém para existir, liguei para o coronel da cultura e o desconvidei do convite que a ele tanto aborreceu. Fiz isso com a devida aspereza, que é a linguagem que o coronel da cultura entende porque é dela detentor do título de PhD. PhD em falta de educação!!! “Ah”, dirão os áulicos, “ele é assim mesmo, mas no fundo, lá no fundo, tem muita doçura”. Assim mesmo é uma ova!!!
          Se, como dizem, talvez só para incrementar o marketing pessoal dele, diariamente exercido, até cuide bem de plantas, seria MUITO interessante que expandisse aos humanos o tratamento que falam que dispensa aos vegetais. Ou isso é impossível? Se há muitos que aceitam passivamente os coices do coronel da cultura, eu não os admito. Que fiz eu de mal ao senhor Cineas Santos na recepção da TV Cidade Verde? Entregar um convite para o lançamento de um livro é uma ofensa? Tivesse aprendido o coronel um mínimo de urbanidade, poderia descartar o convite recebido na primeira lixeira que encontrasse, e não partir a pontapés amargurados sobre quem não o vê, mesmo, como especial. Reconheço a importância do senhor Cineas Santos no cenário cultural piauiense, até porque em terra de cego quem tem um olho é rei, no entanto nunca lhe vi, nem lhe vejo, nem lhe verei, como um ser especial, como o rei da cocada preta da intelectualidade provinciana.
        Eu sei, por vivência própria, como é difícil mudar... Não é difícil, porém, entender que as pessoas, PELO MENOS EU, não estão dispostas a aguentar DESAFOROS GRATUITOS em nome de “uma doçura que existe, sim, lá no fundo da alma” de quem quer que seja. Paciência!!! Seria bom para todo mundo se o senhor dono da cultura piauiense TENTASSE trocar os seus cascos de cavalo por um par de pés minimamente humanos...

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P.s. Friso que para mim esse assunto desagradabilíssimo está encerrado, mas, se preciso, retrucarei à altura, que NÃO tenho MEDO NENHUM do coronel, nem dos áulicos do coronel.