domingo, 19 de agosto de 2012

NÃO CORTA! PONTO.

Mário Ângelo de Meneses Sousa
Presidente da ADUFPI-SSIND

Nos últimos dias o reitor da Universidade Federal do Piauí, Luiz de Sousa Santos Júnior, vem se utilizando de uma intensa exposição na mídia para a obtenção de um objetivo nada louvável: intimidar docentes e técnicos da UFPI através da ameaça do corte de ponto. Com isso, procura a todo custo pôr fim à greve das duas categorias.
Sob o comando do reitor, pró-reitores disparam memorandos a diretores de unidades e de campi com a determinação de que as ausências sejam apuradas para, segundo eles, serem efetivados os descontos. O candidato do reitor à sua sucessão, Arimateia Lopes, silencia coniventemente enquanto os seus principais apoiadores enfatizam a ordem do reitor: “ou volta ou mando cortar o ponto!”
De fato, existe uma íntima articulação entre o esforço do reitor para pôr fim à greve e os interesses do candidato Arimateia Lopes: ao criar inúmeros casuísmos com o objetivo de garantir sem riscos a eleição do seu protegido o reitor acabou atrasando perigosamente o processo, chegando agora a uma situação de desespero que o leva a querer fazer a eleição a qualquer custo, mesmo descumprindo ordem judicial.
A ameaça do corte de ponto, portanto, não diz respeito a uma eventual preocupação do reitor com o funcionamento da universidade. A preocupação é outra: ele sabe que à luz do decreto 1916/96 só tem até o próximo dia 13 de setembro para o envio da lista tríplice ao MEC. De outro modo, fatalmente será nomeado, ao final do seu mandato, um reitor pró-têmpore, jogando por terra o sonho de Luiz Júnior de utilizar a máquina universitária em favor do seu candidato. Beneficiário da pretensa intimidação do reitor, o senhor Arimateia Lopes não apenas silencia diante da intimidação, mas a estimula.
Entretanto, o reitor Luiz Júnior não tem condições políticas, morais e jurídicas de cortar o ponto dos professores e servidores. A ANDIFES, entidade que congrega os reitores das universidades e institutos federais, já orientou os reitores a não fazerem o corte, enquanto o MEC, através do próprio Ministro Aloísio Mercadante, anunciou que o corte de ponto seria um grande equívoco, na medida em que comprometeria a reposição das aulas. Ao tentar intimidar a comunidade universitária, colocando-se na contramão da ANDIFES e do próprio MEC, Luiz Júnior se arrisca a impor-se uma nova derrota: ser desmoralizado diante até mesmo de seus pares por não poder cumprir a ameaça de cortar o ponto.
ADUFPI, assim como as sessões do ANDES em todo o Brasil, seguirá conduzindo a greve com responsabilidade e respeito. A nossa expectativa é de que o governo atenda à urgente necessidade de reestruturar a carreira docente e atender as reivindicações das melhorias das condições de trabalho dos professores (as) para que possamos todos (as) retomar as salas de aula. Mas o final da greve não se dará pela intimidação de quem quer que seja. Apenas às assembleias docentes é dado o poder de dizer quando e como ela deve acabar.
Quanto ao corte de ponto que o reitor da UFPI anuncia, não passa de uma bravata: além de não dispor de condições políticas e morais para fazê-lo ele igualmente não fará pelo simples fato de que o desconto de salário dos servidores que aderirem á greve não está previsto em lei, de modo que qualquer ato da administração da UFPI não existe amparo no ordenamento jurídico. Portanto, conclusivamente podemos dizer: Não corta! Ponto.

Fonte: http://www.adufpi.org.br/noticias/nao-corta-ponto

domingo, 12 de agosto de 2012

ARAGUAIA

Num dia branco, dia comum de faxina, Vítor deparou, sem querer, a mensagem de Telma. O autor do texto datilografado, com as letras G e R sempre maiúsculas, era Conrado, mas vinha, ele sabia, da irmã de Maria Lúcia. Calou-se. Percebia, porém, a mulher cada vez mais angustiada. Não devia soltar-se dela?  Tinha o direito de, para não perdê-la, prendê-la?

O temido bilhete, certo dia, na porta do quarto. Fitou-o, lágrimas caindo. Então foi ver Araguaia, travessa e linda, no berço.
— Filha, requeri e enfim recebi do governo uma indenização, após o reconhecimento oficial de sua mãe como desaparecida política. Este cheque lhe pertence.
— Pai, entregue isso à Anistia Internacional.


Por um instante, Vítor vislumbrou Maria Lúcia. As mesmas feições. Os mesmo gestos. Os mesmos atos. Abraçaram-se, Araguaia no seu colo, que nem nos árduos e brejeiros tempos de menina.


Pouco depois, caminhando pelas margens do Poti, ladeado por shoppings e espigões, ela parou e fixou-se no próprio nome. Araguaia. Araguaia. Araguaia. Mirou o rio de sua aldeia, belo porque o rio de sua aldeia. Pensou no pai. Pensou na mãe. Sim, o amor existia!


— Moça... 
Assustou-se. 
— Uma esmola, por Deus...

Deu um dinheiro ao mendigo e pôs-se a refletir, à visão daquele ser esfarrapado, que as injustiças permaneciam intactas. Mas ela se chamava Araguaia. E seu nome, como lhe dizia o pai, seu nome, filha, seu nome é uma pintura rupestre gravada na carne e no sangue da truculenta história deste país.


Fonte: Confraria Tarântula, a teia do conto

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

AINDA HÁ (POUCOS) HOMENS NO PAÍS!


O PT como Patrão 

“Orientação sobre a folha de ponto dos servidores em greve
Informo que, seguindo orientação superior do MP, os grevistas deverão ter os pontos cortados, desta forma não deverá constar nenhuma observação na folha de ponta dos servidores que estão de greve e não registraram o ponto. Já aqueles servidores que estão de greve e mesmo assim registraram o ponto deverão  ter seus pontos cortados (anulados) já que não trabalharam.  Quanto aos servidores que estão trabalhando normalmente e que não puderam trabalhar no dia 5 de julho por causa da greve dos ônibus podem ter seu dia abonado, código 05.” 

Sou coordenador geral de inovações tecnológicas do  departamento de sistemas de informação da secretaria de logística e sistemas de informação do ministério do planejamento, orçamento e gestão do governo do Brasil. Estou neste cargo desde setembro de 2011. Hoje comunico, publicamente, meu  pedido de exoneração. 

Todos sabem qual é meu salário graças à Lei de Acesso à Informação. Preciso deste salário e, de fato, tenho orgulho em merecê-lo. Mas a partir do momento em que tenho que ferir meus princípios para manter minha remuneração, meus princípios sempre ganharão o jogo, independente do que virá depois.  Trabalho, há bastante tempo, com o conhecimento livre e modelos de negócios baseados nisso. Em Porto Alegre, no final dos anos 1990, tive o prazer de ver um projeto de governo crescer levando em conta a crença em que a  liberdade ampla para todas as formas de conhecimento era um fator gerador de inovação tecnológica e de criação de emprego e renda. Apoiei esse projeto, mas nunca integrei nenhum quadro do governo até setembro de 2011, quando assumi o cargo acima mencionado, e passei a ser o responsável pelo Portal do Software Público Brasileiro, pela Infraestrutura Nacional de Dados Abertos, além de outras atividades. 

Não foi fácil, vindo da iniciativa privada e há mais de doze anos como empresário aprender a hierarquia e a burocracia que são parte de um emprego público. Aliás, esse é um aprendizado constante. Mas segui trabalhando com minha paixão: liberdade de conhecimento como geração de inovação e riqueza. No decorrer de meu trabalho deparei-me com a greve do funcionalismo federal, à qual aderiram muitos dos que estavam sob minha coordenação. 

Enfrentar uma greve como executivo público foi algo totalmente inédito para mim. Acompanhei greves desde o tempo de meu avô, no surgimento do PT. Toda a articulação para as greves, para a criação de uma força que mudasse o estado, conscientizou uma população que colocou o PT no poder. Mas o PT patrão parece não ter aprendido com sua própria história. O PT patrão apenas aprimora as táticas de pressão psicológica e negociação questionável daqueles com os quais negociou na época em que a greve era sua. 

O PT patrão virou governo, melhorou o país e acha que não depende mais da máquina que sustenta o estado. O PT patrão, que fez muito pela nação, tem a certeza de que vai muito bem sozinho. E está indo mesmo! 

Eu espero que nosso país siga melhorando, mas estou nele para mudá-lo e não para cumprir ordens com as quais não concordo. Como coordenador, jamais cortarei o ponto daqueles que trabalham comigo e estão em greve. Independente da greve, eles cumpriram seus compromissos civis sempre que necessário. E, na greve, cultivaram ainda mais sua união na crença da construção de um Brasil melhor.

(CÉSAR AUGUSTO BROD, responsável pela Coordenação Geral de Inovação Tecnológica da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão).


(Grifos não-originais.)

sábado, 4 de agosto de 2012

QUAL O VERDADEIRO NOME DISSO?


UFPI entregará título de Doutor Honoris Causa a Sarah Menezes

03/08/2012 14:57
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em reunião realizada na manhã desta sexta-feira (3), aprovou por unanimidade a proposta do presidente do conselho, Reitor Luiz de Sousa Santos Júnior, para concessão do título de Doutor Honoris Causa a Sarah Menezes. A proposta do Reitor foi motivada pelas valiosas contribuições da atleta ao esporte não apenas no âmbito piauiense, mas nacional e mundial e, ainda, mais recentemente, pela brilhante atuação da judoca nas Olimpíadas de Londres, ao conquistar a medalha de ouro na categoria ligeiro (até 48 quilos).
Nos últimos anos, Sarah Menezes ministrou palestras participando de eventos realizados pela UFPI.
Fonte: sítio da ufpi