o amor é um grande laço
um passo pr'uma armadilha
um lobo correndo em círculo
pra alimentar a matilha
comparo sua chegada
como a fuga de uma ilha
tanto engorda quanto mata
feito desgosto de filha
o amor é como um raio
galopando em desafio
abre fendas, cobre vales
revolta as águas dos rios
quem tentar seguir seu rastro
se perderá no caminho
na pureza de um limão
ou na solidão do espinho
o amor e a agonia
cerraram fogo no espaço
brigando horas a fio
o cio vence o cansaço
e o coração de quem ama
fica faltando um pedaço
que nem a lua minguando
que nem o meu nos seus braços. . .
(Djavan, Faltando um pedaço)
3 comentários:
Isso ocorre quando há desencontros (comumente): realidade pura! Porém, se o sentimento é recíproco, se é Amor (raramente): poesia apenas!
E tem como duvidar, professor?
Talvez não há no mundo algo mais turbulento que as sensações de quem ama...
Meu bom, Airton Sampaio, nós somos de um tempo assim. Por isso nos mantivemos firmes como rocha de areia sólida diante deste sentimento universal. Djavan saca no século 20 aquilo que Camões sacou no século 16. Aliás não há nenhuma distância entre Camões e Dajavan. Camões, Djavan e nós que acreditamos em todas as formas deste amor. Ora equilíbrio, mas sempre conflito: matéria generosa para a boa e única poesia. Um abraço forte meu grande amigo.
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