sábado, 12 de julho de 2008

EX CORDIS

"Tá legal", meu caro Salgado Maranhão, "eu aceito o argumento", mas o coração do poeta só co-move o do leitor se ambos estiverem... na cabeça! Poema que sai direto do coração sem antes passar, concretamente, pela cabeça dá tudo, menos Poesia... E vivam os formalistas russos!

Um comentário:

Adriano Lobão Aragão disse...

Aceito o argumento de Olavo de Carvalho: “Na verdade, a quota de atividade reflexiva que se requer não é menor em poesia do que em filosofia, pela simples razão de que o verso não é a experiência, mas a expressão verbal dela, obediente, como toda expressão, a um código de conversões; e o código não se compõe de fatos e dados — a carne da experiência —, mas de rimas e métricas e regras de gramática e estilos epocais e usos semânticos consagrados e compromissos de escola e mil e uma outras exigências que se arraigam na convenção, na ciência e no hábito, não diretamente nos fatos. Estas exigências são o molde em que se recorta a vestimenta que vai recobrir e tornar socialmente reconhecível e moeda corrente a experiência, intransmissível na nudez direta da sua carne, que é uma e a mesma que a carne do corpo, impenetrável a outro corpo.”
E mais um devido complemento, prevendo refutações em relação aos formalismos mencionados: “Que os moldes esgotam sua possibilidade de conter novas experiências e têm de ser renovados de tempos em tempos, a história das revoluções formais em literatura o confirma.”