DE ONDE VEM
Um ponto no infinito. É o que a objetiva capta quando a cortina se abre. Quando avança lentamente uma imagem trêmula surge no canto. Sob um sol causticante. Um só corpo é o que parece ser. Quando se fecha aí se vê. Não é o que se pode chamar exatamente de marcha lenta. Movem-se por inércia. Não são as patas que removem os grãos é que as impulsionam. Os joelhos já não dobram mais.
PARA ONDE VAI
Eles avançam. No desfiladeiro se deixam arrastar sob o olhar atento de um caramujo do deserto que enterra a cabeça na areia aos primeiros gritos do coiote. Tão descarnados. Tão sedentos. Difícil dizer quem é homem quem é montaria.
QUAL O SEU NOME
Desviada para o lado esquerdo a cabeça baixa pela força gravitacional abandonou o movimento do pêndulo. O chapéu mais ainda. Não impedem que o sol siga abrindo crateras. O charuto no canto da boca o barulho do vento na noite passada apagou.
NINGUÉM JAMAIS SOUBE
Ainda assim ele segue. As rédeas seguram a mão esquerda. Mas não se engane quem vê a outra dormindo sobre o coldre. Está atenta. E formigando.
Vamos. Faça o meu dia.
(conto-homenagem de J. L. Rocha do Nascimento, publicado em confrariatarantula)
Nenhum comentário:
Postar um comentário