Agora deu, parece que por exigência de um senhor lá de Oeiras, um inexplicável surto de saudosismo sobre o Bar Nós e Elis.
Ninguém olvida que o Nós e Elis foi um ponto erótico-cultural de teresina dos maravilhosos anos de 1980 (se é pra ser nostálgico, também vou ser: era jovem, saudável e podia beber todas!). Mas devagar com o andor do oba-oba: nem tudo no lugar era magia. O dono, por exemplo.
Jamais me esquecerei de que, por insistência do José Pereira Bezerra, hoje Bezerra JP, a coletânea de contos Vencidos foi lançada ali, em 1987. Duas grandes merdas, então, ocorreram: a atitude pouco profissional do Paulo Gutemberg de perder as fotos do evento, as quais passou a noite tirando, e a grossura alcoólica do sr. Elias Prado Júnior. Embriagado a não mais poder, o DONO do bar se APODEROU (não fora convidado a falar) do microfone e fez um discurso contra o meu discurso porque, segundo as palavras etílicas dele, eu não sabia vender livro. Ainda hoje não sei, mas o engraçado é que a meta era vendermos, naquele lançamento, 50 exemplares e, surpresa!, vendemos 70.
No Nós e Elis depois daquilo só pus os pés quando, felizmente, mudou de dono. Então namorei, bebi, ouvi boas e MÁS músicas, joguei conversa fora... Afinal, não havia mais o perigo de um grosseirão empaturrado de uísque e Leonel Brizola vir encher o saco, valendo-se do nobre princípio da propriedade privada que, somente em discurso, mas somente em discurso mesmo, combatia.
O Nós e Elis, para mim, não tem, pois, essa aura tão decantada. E se no lugar dele há agora uma padaria, ou farmácia, ou açougue, c´ést la vie. Saudade, repito, até tenho da época, daquele tempo de cabelos ainda não grisalhos e saúde de ferro em que médicos me eram figuras distantes, quase mitológicas, mas do bar... Sinceramente, o Nós e Elis, para mim, já se foi tarde!
P.s. Antes que os politicamente corretos me venham lembrar que o sr. Elias Prado Júnior não está mais entre nós, sugiro que leia o marcador desta postagem.
5 comentários:
Eu estou sabendo que o bar Nós e Elis era de propriedade deste político conturbado, que recebia na palma da mão as vantagens de Mão Santa, Heráclito Fortes e Wellington Dias agora depois de mais 20 tantos anos. Ainda bem. O que ficou mesmo dali foram as "minas" que a gente levava para os banco da pracinha, só isso! Depois das aulas enfadonhas do Curso de Letras na UFPI.
Meu bom, Airton Sampaio, estou agora num beco sem saída e a solução está com você. Deram-me a incumbência de convencê-lo a ir ao Sítio Sariema neste período entre natal e ano novo. E estou aqui querendo que você agende uma data. Não te preocupes terei o maior prazer em levá-lo, pois tua presença é imprescindível, e trazê-lo. Os acessórios que te acompanham também irão. Aliás quem você quiser levar com você no meu "corsinha" tem assento. Responda-me, urgente. Um abraço.
Vamos ver, poeta, vamos ver. Até lá tem tempo... Abração!
Querido Aiton Sampaio:
Essa história de eu ter exigido que as pessoas se manifestassem sobre o Nós e Elis demonstra claramente, para mim, que você tem humor, mesmo quando atacado pelo mau-humor.
As pessoas que aquiesceram em escrever sobre o "Nós e Elis" dispiciendo dizer, o fizeram em exercício de sua livre e espontânea vontade, exatamente como você acaba de fazer.
Quero pedir-lhe permissão para postar seu desabafo no "portal do Sertão" (www.fnt.org.br), sítio virtualda Fundação Nogueira Tapety FNT.
Por outro lado, gostarei de conversas com vc mais alongadamente. Meu e-mail principal é jocaoeiras@yahoo.com.br
Caro Joca, desde que, é claro, cite a fonte, nem precisava me pedir permissão nenhuma. No entanto, não fiz qualqer desabafo, apenas quis, com bom ou mau humor, colocar o barzinho Nós e Elis no seu real tamanho e como o que realmente ele foi: um barzinho. Nada mais. Grandes mesmo foram a época e as pessoas, não o lugar,
que já se foi tarde.
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